Marielle Franco: representação e violência política

Segundo dados da ONU Mulheres, 25% das mulheres na política já sofreram violência física no espaço parlamentar e 82%, violência psicológica.
A edição 2025 do mapa “Mulheres na política: 2025” mostra que os homens continuam a superar as mulheres em mais de três vezes nas posições executivas e legislativas em todo o mundo.
Apesar de as Américas apresentarem a maior proporção de mulheres parlamentares no mundo (35,4%), o Brasil tem índices muito abaixo da média do continente. Apenas 18,1% da Câmara dos Deputados é composta por mulheres, ou seja, 93 parlamentares. No Senado, elas são 19,8%, somando apenas 16 mulheres. Esses números colocam o país entre os piores desempenhos globais nesse quesito. No Brasil, das 39 pessoas que assumiram a presidência do país, apenas uma era mulher.


Mesmo com o amplo apoio à presença feminina na política, 77% dos entrevistados acreditam que as mulheres não são incentivadas desde jovens a se interessar pelo tema. Além disso, 84% afirmam que elas sofrem discriminação e deveriam receber mais apoio para ingressar na vida pública.
Entre os principais obstáculos apontados, 41% destacam o assédio e os ataques machistas dentro e fora dos partidos como um grande empecilho para as mulheres seguirem carreira política. A falta de apoio da família, dos políticos e dos partidos também é mencionada por 31% dos entrevistados, assim como a percepção de que o ambiente político é excessivamente corrupto para a presença feminina.
Além disso, 27% das mulheres relatam que a dificuldade de conciliar emprego, família e política torna ainda mais árdua a sua participação no cenário eleitoral.

Marielle Franco – FOTO: Wikimedia commons


Nascida e criada na Comunidade da Maré, na Zona Norte do Rio, formou-se em Ciências Sociais pela PUC-Rio, como aluna do Pré-Vestibular Comunitário da Maré, cursando a universidade com bolsa de 100%.Com o diploma de socióloga, ela se tornou professora e pesquisadora respeitada.
Marielle Franco integrou, em 2006, a equipe de campanha que elegeu Marcelo Freixo à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Após a posse dele como deputado, foi nomeada assessora parlamentar do mesmo. Depois assumiu a coordenação da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da assembleia.

Em 2016, na primeira disputa eleitoral, foi eleita com 46.502 votos para o cargo de vereadora na capital carioca pela coligação Mudar é possível, formada pelo PSOL e pelo PCB.
Marielle Franco defendia o feminismo e os direitos humanos. Na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, ela presidiu a Comissão de Defesa da Mulher e integrou uma comissão composta por quatro pessoas, cujo objetivo era monitorar a intervenção federal no Rio de Janeiro, sendo escolhida como sua relatora em 28 de fevereiro de 2018. Ela era crítica da intervenção federal e denunciava constantemente abusos policiais e violações aos direitos humanos.


Como vereadora, Marielle também trabalhou na coleta de dados sobre a violência contra as mulheres, pela garantia do aborto nos casos previstos por lei e pelo aumento na participação feminina na política. Em pouco mais de um ano, redigiu e firmou dezesseis projetos de lei, tendo dois aprovados, um deles sendo a Lei das Casas de Parto, que visava a construção desses espaços com o objetivo de fornecer a realização de partos normais.


Suas proposições legislativas buscavam garantir apoio aos direitos das mulheres, à população LGBT, aos negros e moradores de favelas.


Marielle era crítica da intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. No começo de março de 2018 ela assumiu a função de relatora da Comissão da Câmara de Vereadores do Rio, criada para acompanhar a atuação das tropas na intervenção.


Poucos dias depois ela denunciou em seu perfil nas redes sociais, indícios de que policiais do 41º Batalhão de Polícia Militar haviam cometido abusos de autoridade contra os moradores do bairro de Acari.


Marielle Franco foi baleada à queima-roupa em 14 de março de 2018. Fernanda Chaves, assessora de Marielle, não foi atingida, mas se feriu com os estilhaços. O motorista Anderson Gomes, que conduzia o carro em que elas estavam, também foi atingido e morto na ocasião.


Logo após sua morte, Marielle foi vítima de diversas fake news, entre elas: que Marielle engravidou de sua filha aos 16 anos e que era ex-esposa do traficante Marcinho VP.


Na verdade, ela teve a única filha, Luyara Santos, aos 19. O pai da Luyara é Glauco dos Santos. A vereadora era lésbica e vivia com sua companheira, a arquiteta Mônica Benício.


Ainda em março de 2018, ela recebeu postumamente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) a Medalha Tiradentes por seu trabalho em “ações de justiça social, promoção da cidadania, valorização da mulher e da comunidade negra, combate à pobreza e à violência nas favelas, promoção da saúde da mulher e da população LGBT e fim dos crimes por motivações raciais e sexuais.”


Em março de 2019, Marielle foi postumamente agraciada pelo Congresso Nacional do Brasil com o Diploma Bertha Lutz, concedido a mulheres que tenham oferecido relevante contribuição na defesa dos direitos da mulher e questões de gênero no Brasil.

Foto: Ricardo Moraes – Reuters


Por anos, a pergunta “Quem mandou matar Marielle?” foi feita pelo Brasil. Em 2024 O PM reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira foram condenados pelo assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. Os assassinos fecharam acordo de delação premiada, o que levou aos mandantes do crime.


No começo de 2024, os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão, com o delegado Rivaldo Barbosa, foram presos, acusados de serem os mandantes do atentado contra Marielle Franco em março de 2018.


Segundo os investigadores, a motivação do crime envolve questões fundiárias e grupos de milícia. Havia divergência entre Marielle e o grupo político do então vereador Chiquinho Brazão sobre o Projeto de Lei (PL) 174/2016, que buscava formalizar um condomínio na Zona Oeste da capital fluminense.

Foto: Wikimedia commons


Apesar da violência a qual as mulheres espalhadas pelo Brasil e pelo mundo são submetidas, não podemos deixar de lutar para que a nossa voz seja ouvida. Mudança social é acompanhada de mudança política.


MARIELLE PRESENTE!


Fontes:
https://www12.senado.leg.br/radio/1/noticia/2024/11/04/baixa-representatividade-de-mulhere
s-na-politica-sera-tema-de-debate-no-p20


https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/03/20/78percent-dos-brasileiros-acham-que-a-qua
ntidade-de-mulheres-na-politica-nao-faz-diferenca-mas-9-em-cada-10-querem-mais-candida
tas-nas-proximas-eleicoes-diz-pesquisa.ghtml


https://www.onumulheres.org.br/noticias/brasil-ocupa-a-133a-posicao-no-ranking-global-de-r
epresentacao-parlamentar-de-mulheres

https://www.brasildefato.com.br/2020/03/10/ronnie-lessa-e-elcio-queiroz-vao-a-juri-popular-p
ela-morte-de-marielle-e-anderson/?utm_source=brevo&utm_campaign=Newsletter%20BdF
%202910&utm_medium=email


https://www.brasildefato.com.br/2024/10/30/justica-por-marielle-finalmente/

https://jornaldapuc.vrc.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=4934&sid=47


https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2018/03/15/interna_politica,944288/saiba-quem-e
ra-marielle-franco-vereadora-assassinada-a-tiros-no-rio.shtml


https://www.google.com/amp/s/g1.globo.com/google/amp/e-ou-nao-e/noticia/marielle-engrav
idou-aos-16-foi-casada-com-o-traficante-marcinho-vp-ignorava-as-mortes-de-policiais-nao-e
-verdade.ghtml

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *