Estou acompanhando de longe, mas atenta, o International Academy Day 2025 — evento global que mais uma vez escolheu o Brasil como sede. Um encontro potente, que se propõe a refletir sobre o futuro da mídia, da televisão e da comunicação.
Mas basta uma passada de olhos na programação oficial para que a pergunta surja com força:
onde estão as mulheres?
O que se vê são painéis dominados por homens — em sua maioria, os mesmos que sempre estiveram ali. CEOs, diretores, executivos. É como se estivéssemos discutindo o amanhã com a mesma lente do século passado.
E as vozes femininas, onde entram?
Trabalho com rádio independente. Escuto mulheres de todos os cantos, todos os estilos, todas as potências. E posso afirmar com convicção: a comunicação do futuro já está sendo feita por essas mulheres, mesmo que ainda não estejam nas mesas de decisão, nos palcos principais, nas manchetes dos eventos.
A ausência dessas vozes não é uma falha estética. É uma miopia estratégica. É como tentar pensar inteligência artificial, ética, inovação e narrativa… sem escutar quem historicamente foi silenciada.
A escuta é uma tecnologia ancestral. E também uma urgência contemporânea.
Precisamos, urgentemente, de mais vozes femininas nos espaços onde se pensa e se desenha o futuro da comunicação. De mulheres que não apenas falam, mas criam, transformam e sustentam ecossistemas culturais inteiros.
Daqui a dois anos, o International Academy Day acontecerá em outro lugar do mundo. E eu quero estar lá. Não por vaidade ou vitrine — mas porque quero ver e ouvir mulheres ocupando todos os lugares.
Porque escutar é revolucionar.
E toda revolução começa com quem escuta de verdade.
Por Sarah Mascarenhas – Idealizadora da Hora do Sabbat, plataforma de escuta e protagonismo feminino na música, na comunicação e na vida. Premiada como Melhor Radialista do Ano pelo WME Awards, atua há mais de 20 anos nos bastidores da cultura independente brasileira.
Radialista por vocação, jornalista por compromisso, bruxa de nascença — acredita na escuta como tecnologia ancestral e aposta na comunicação como ferramenta revolucionária. Seus projetos sopram ética, afeto, inovação e impacto. Com os pés na terra, o som no peito e a palavra em brasa, segue criando caminhos para que vozes femininas fluam com força e liberdade das águas.