Há uma força latente em cada mulher, pulsando silenciosamente sob as camadas de expectativas impostas por uma sociedade que nos ensina a agradar, servir e nos calar. Essa força, muitas vezes sufocada, desperta quando ousamos olhar para dentro. O autoconhecimento não é apenas um processo introspectivo, mas um ato revolucionário. É o momento em que deixamos de viver no rascunho e passamos a escrever nossa própria história.
Desde meninas, somos moldadas para caber em espaços pequenos: ser delicadas, mas fortes; acolhedoras, mas discretas; ambiciosas, mas sem exageros. Fomos ensinadas a acreditar que nosso valor está no quanto conseguimos equilibrar todos os pratos, mesmo quando isso nos custa sonhos adiados e desejos calados. Quantas de nós já desistiram de projetos por medo de incomodar? Quantas deixaram de expressar opiniões por receio de parecerem “intensas demais”?

Nesse contexto, voltar o olhar para si mesma é plantar uma semente em solo que muitos disseram ser infértil. O autoconhecimento nos permite regar essa semente com paciência e cuidado, até que as primeiras raízes surjam e se fortaleçam. É um processo, às vezes doloroso, mas sempre transformador. E quando florescemos, não há quem possa nos deter.
O Hora do Sabbat tem sido esse terreno fértil onde vozes femininas encontram espaço para crescer e ecoar. Vejo no projeto um reflexo do que acredito: que mulheres que se conhecem profundamente tomam decisões mais alinhadas ao seu propósito, ousam sonhar alto e criam novos modos de viver, com autonomia e autenticidade.

Autoconhecer-se não é chegar a uma versão final de si mesma, mas permitir-se ser várias ao longo da vida. É saber que mudar de ideia não é fraqueza, mas liberdade. Na minha jornada como mentora de mulheres, vi o quanto esse processo torna as escolhas mais leves e as mudanças mais possíveis.
Quantas vezes nos pegamos perguntando: “E se eu falhar?” O autoconhecimento nos responde: “E se você voar?” Quando nos reconhecemos, aprendemos a dizer “não” sem culpa e “sim” sem medo. Criamos raízes firmes para ventos fortes, mas não deixamos de estender nossos galhos ao novo.

Em um mundo onde tantas de nós ainda lutam para serem ouvidas, afirmar nosso valor é plantar sementes de resistência. E cada mulher que floresce se torna farol para outras. É assim, multiplicando luzes, que construímos florestas inteiras de possibilidades.
O Hora do Sabbat não é apenas um espaço de fala, mas de transformação. Quero, através das palavras, ajudar a regar essas sementes — incentivando cada mulher a olhar para dentro, se reconhecer e florescer. Porque o protagonismo feminino não é um convite, é um direito. E ele brota, inevitavelmente, do autoconhecimento.

Iris Daval é uma mulher em constante transformação, mentora de outras mulheres que buscam se reconectar com sua essência. Escreve sobre autoconhecimento e liberdade. Seu despertar foi o início de grandes mudanças e reconexões.