Clemência Madalena

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minha avó quem plantou em mim

o tempo

na fotografia que esmaece bem fundo

quando os olhos pouco veem

pouco sabem

mas ternos, eu me lembro.

doces, de um marrom que clareava, castanho

talvez verde.

dele, pendia uma luz, que era como se fosse todo ele.

o olho brilhava, dançava as cores

que se misturavam

cor sem nome.

Havia um sorriso, que circundava todo o rosto

crescia a pele, os traços.

as marcas guardavam as histórias que eu gostaria de ouvir

menina, mulher.

eu entenderia.

mas ela me contou das bruxas e princesas, do casamento, burro bravo, doce quente.

e ela?

que histórias teria?

quantas vidas viveu?

quis criá-la a meu modo, rabiscar no papel a conta do que me era dito

ao que via, ao que achava que sabia

ao que ela me sussurrara

não em confidência, mas em desejo de ser mais dela

como eu realmente era.

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