minha avó quem plantou em mim
o tempo
na fotografia que esmaece bem fundo
quando os olhos pouco veem
pouco sabem
mas ternos, eu me lembro.
doces, de um marrom que clareava, castanho
talvez verde.
dele, pendia uma luz, que era como se fosse todo ele.
o olho brilhava, dançava as cores
que se misturavam
cor sem nome.
Havia um sorriso, que circundava todo o rosto
crescia a pele, os traços.
as marcas guardavam as histórias que eu gostaria de ouvir
menina, mulher.
eu entenderia.
mas ela me contou das bruxas e princesas, do casamento, burro bravo, doce quente.
e ela?
que histórias teria?
quantas vidas viveu?
quis criá-la a meu modo, rabiscar no papel a conta do que me era dito
ao que via, ao que achava que sabia
ao que ela me sussurrara
não em confidência, mas em desejo de ser mais dela
como eu realmente era.