O maior erro que cometemos é ter medo de errar

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O maior erro que cometemos é ter medo de errar

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No escuro do meu quarto eu planejo quem eu vou ser amanhã, mas todo dia nada sai como planejado. Situações boas e ruins acontecem o tempo todo e mesmo que eu saiba hipoteticamente que algo vai acontecer, me pego na surpresa da minha própria reação quando acontece. 

Por vezes, gostaria de ser menos eu e mais quem eu gostaria de ser. Não é nada grave, apenas uma sensação permanente de insatisfação. Eu sei que tentar se moldar é um perigo para a própria existência e sei também que é natural do ser humano ter uma faceta para cada lugar onde se pisa, mas há uma essência que permanece e ela, por vezes, incomoda. Eu me incomodo comigo. O meu subconsciente sabe o que quer, mas não reflete com tanta certeza no resto de mim. 

E aí, como lidar consigo mesmo? Me pego tentando respirar, pensar antes de agir e, acima de tudo, respeitar meus desejos – acho que a cura começa daí e a doença também. Mas, eu sou a primeira pessoa que desrespeita o que eu quero de verdade. Não quero ser rude quando sou, não quero ser pacífica quando sou e nessas, eu fico buscando onde a linha tênue se meteu, onde eu mesma escondi a régua que mede minhas (re)ações. 

Ensaio diversos diálogos sozinha, numa tentativa falha de me sentir preparada pra tudo, mas até quando nada acontece eu sinto que perdi uma grande oportunidade, seja de seguir em frente ou de recuar. É como alguém que ensaia a fala de um trabalho e esquece tudo na hora de apresentá-lo em sala. 

Em uma sessão de terapia, o psicólogo disse: “não dá pra controlar tudo, isso é cruel com você mesma”. Nem preciso dizer que ele está coberto de razão e eu de problemas. 

Inclusive, ensaiei tudo que disse pra ele antes. 

Às vezes, me acho distante das pessoas, às vezes me acho distante de mim. Achei que tinha facilidade em fazer amigos, mas na verdade só alimento relações rasas. Algumas delas, seja por minha causa ou não, fizeram eu me fechar cada vez mais em algo que nem eu acredito tanto: em mim. Acho que me falta um pouco de amor próprio, esse discurso todo de coach e tal. Será que perdi mesmo o espírito amigável e acolhedor com o passar das experiências ou isso é natural quando a gente vai envelhecendo? Ou uma coisa faz parte da outra? Não sei, só sei que essa lenga-lenga é reflexo do pior erro que eu poderia cometer, o medo de errar.

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