Não,
Hoje eu não quero me lembrar da inquisição
Todos os dias fazem questão de lembrar
Todo dia sinto minha pele queimar
Quando chutam minha oferenda
E cospem no meu altar
Ou gritam BRUXA na rua
Achando que isso é me atacar
Hahahahahahahahahahaha
Não, meu querido
Bruxa não é ofensa
E pra mim, é um elogio
Bruxa carrega
A sabedoria dos ancestrais
Bruxa carrega o poder
Dos elementais
Bruxa carrega
Bem mais do que um amuleto
Eu carrego a magia da natureza
Em meu peito
Não adianta acender mais uma fogueira pra mim
Eu uso ela
Pra acender minha vela
E dançar com minha própria sombra
Pois não há céu
Nem inferno
Lamas
Nem chamas
Não há poste
Nem há trama
Que impeçam de ser.

Lihra é poeta, bruxa, taróloga e mestranda em Estudos Linguísticos. Autora de Textos que eu Deveria ter Rasgado, Meta: Linguagem e Me Chame de Lola.