Pote de Ouro: Liniker e Priscila Senna transformam dor em poder

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Pote de Ouro: Liniker e Priscila Senna transformam dor em poder

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Liniker voltou a encarnar Caju, a heroína que dá nome ao seu mais recente disco, no videoclipe “Pote de Ouro”, parceria com Priscila Senna. A faixa, lançada no dia 6, é mais que uma música sobre o fim de um amor, é um manifesto sobre autoestima, liberdade e recomeço. No clipe, dirigido pela própria Liniker ao lado de Sillas H., a história se passa em um bar chamado Pote de Ouro, onde Caju e suas companheiras garçonetes enfrentam um “traíra profissional” e seus comparsas. A estética mistura o brega e o pop com a atmosfera de um filme de Quentin Tarantino, com direito a coreografia de Raiana Moraes, fotografia carregada de sombras e uma direção de arte dourada e nostálgica.

A narrativa é construída sobre a interação entre Caju e Musa (interpretada por Priscila Senna), uma entidade que guia e empodera a protagonista em sua jornada. É uma espécie de encontro entre arquétipos femininos,  uma representa a ferida, a outra, a força. O resultado é um videoclipe que funciona como um pequeno espetáculo visual, cheio de personalidade e intensidade, em que o palco é o espaço simbólico da libertação.

Mas o que realmente dá profundidade a Pote de Ouro é a letra. É um texto que fala sobre ilusão, traição e a descoberta do próprio valor:

“Eu não imaginava te ver de novo, depois de tanto tempo, de tanto choro. Amor igual ao meu não vai mais achar. Agora vê se aprende a me valorizar.”

Esses versos abrem caminho para uma catarse emocional que vai crescendo até o refrão, quando Liniker canta com a força de quem finalmente entendeu que o amor que faltava não era o do outro, era o dela mesma. “Você já sabe que perdeu o teu tesouro / Pode chorar, você não vai me ver de novo” é a frase de quem fecha um ciclo sem olhar pra trás.

O mais bonito é como Liniker transforma a dor em arte e a despedida em potência. Quando ela canta “Eu vou viver minha vida cantando pro povo / Que é quem me ama muito mais do que você”, o que poderia ser apenas um desabafo vira um ato político e poético,  ela devolve ao público o amor que faltou, e o palco vira o lugar da cura.

A presença de Priscila Senna dá à faixa uma camada emocional ainda mais popular e verdadeira. Vinda do universo do brega, ela carrega na voz o mesmo tipo de dor que as pessoas comuns sentem, e isso torna o encontro entre as duas um dos mais especiais da música brasileira recente. “Foi um grande encontro, porque ela é uma das maiores vozes da música brasileira e um dos encontros preferidos da minha carreira”, disse Liniker sobre a parceria.

Pote de Ouro, que integra o álbum Caju, eleito o Melhor Disco de 2024 e indicado a sete Grammys Latinos, é o tipo de obra que mistura vulnerabilidade e poder na medida certa. É um clipe feito de brilho e raiva, amor e ironia, movimento e pausa. Um lançamento que reafirma Liniker como uma das artistas mais intensas e autênticas da sua geração.

Assista ao clipe: https://www.youtube.com/watch?v=G9Niby7Fvjs&t=1s 

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